terça-feira, 7 de agosto de 2012

O AMOR ACABA'.


O AMOR ACABA...

Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova,depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começo a pulsar; d repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga num cinzeiro repleto, polvilhado de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois dum noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos sociados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminoso do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceber,entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela a pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todos as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas;  quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim Á beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes semeado, ás vezes vingado por algum por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicáveis entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijos de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero, nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o Amro não começa; na usura o amor se dissolver, em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro, uma carta chega depois, o amor acaba; uma carta chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro diamante, dispersado entre astros; e acaba encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque;  no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no logo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até  que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fosse melhor nunca te existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite, na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e qual minuto “O AMOR ACABA”.. !


Inspiração De: Lucas Morais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário